quarta-feira, 5 de dezembro de 2012



ENSINAR



Ensinar é aprender. Ensinar não é transmitir conhecimentos. O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele orienta a aprendizagem, ajuda a formular conceitos, a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles próprios encontrem as suas opções.


Ivone Boechat

2 comentários:

  1. Professor

    Alguém um dia se propôs a trabalhar na construção de vidas, estudou psicologia, filosofia e as melhores técnicas de comunicação. Passou dias, horas e minutos, observando o comportamento de todas as faixas etárias do ser humano.
    Alguém se sentiu vocacionado e, atendendo aos apelos do coração, inscreveu-se na batalha de frente da luta milenar contra os analfabetismos.
    Armado de pouquíssimos recursos materiais, postou-se, de peito aberto, levando flechadas federais, estaduais, municipais.
    Alguém se especializou nas oficinas mecânicas do ser humano e candidatou-se a reformar conceitos e valores da educação mal orientada.
    Alguém se inscreveu no concurso da vida, não se importando de sacrificar o próprio corpo na concorrência desleal de convênios, convenções, tratados e dissídios.
    Alguém se fez alheio às dificuldades, tendo plena certeza delas, e saiu disposto a questionar leis, portarias, resoluções e regimentos. Nos desmaios da sobrevivência, impôs-se.
    Alguém foi nomeado, designado, empossado para o exercício do magistério, não se perdeu no labirinto do caminho nem se assustou com o fantasma da exigência impossível. Saiu a procurar o aluno perdido nas balas perdidas da guerra civil.
    Alguém convive com a distância, com a fome, com a injustiça, com a carência e a canseira, contudo, ensina gerações a acreditar no futuro, a ter fé e não se deter.
    Para um ser assim tão especial, só um nome poderia identificá-lo: professor..

    Ivone Boechat

    ResponderExcluir
  2. Desastre pedagógico

    Ivone Boechat (autora)

    A escola, devagar e na contramão, bateu de frente com a realidade universal. Muitos pularam antes do choque, mas não conseguiram evitar o pior. Os professores de Língua Portuguesa e de Matemática, privilegiados com assento no banco da frente, estão muito machucados. O professor de Português enrolou a Língua e faz análise e orações para não morrer.
    O titular de Matemática, por frações, escapou. Agora, mastiga raiz quadrada e equações. Menos de 50% das visitas (alunos) conseguem entender o que se fala e, desse jeito, pelos sintomas, não vai escapar das quatro operações.
    Numa curva mais fechada, perderam-se os professores de História, de Geografia e de Ciências. Na queda, sofreram amnésia. Os estudantes aflitos gritam, pedindo informações atuais e eles só resmungam coisas do século passado, não enxergam as mudanças que se processam, velozmente.
    O acidentado professor de Inglês, ainda muito assustado, olha de um lado para outro, procurando o "to be" e o "to have", amigos inseparáveis. Meio tonto, jura que viu o datashow, o laptop, o tablet, o vídeo e o televisor, recursos próprios para as aulas. Acordou, era febre alta, estava apenas variando, coitado.
    Os professores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) não conseguem ainda ficar de pé. Diretores, coordenadores, especialistas da educação, visitam os colegas, com sorriso amarelo, sem graça, porque não têm recursos para o tratamento que o mal exige.Os computadores estão lá, sim.Só isto, mais nada.
    A escola precisa de grande reforma mecânica. Os faróis dirigentes devem ser trocados por outros mais possantes. A visão está péssima. Os pneus da coordenação, gastos de rodar pra lá e pra cá, procurando coerência, precisam ser substituídos para continuar a procura.
    Os professores, após um período tão grande de imobilização, expõem gravíssimo raquitismo. O desastre atingiu a toda esta geração e alta mesmo os doentes não terão, a curto prazo. Todavia, a escola, enfermo principal, indicou ao povo tratamento na rede particular, até que todos sintam a importância da restauração do direito constitucional de se implantar a educação de ótima qualidade e o "ensino gratuito e obrigatório".

    ResponderExcluir